Sobre piratas e amarras...
Sentado na areia da praia apenas
observo o vai e vem das ondas, a forma como elas tocam a areia e voltam para o
fundo do oceano, voltam para o desconhecido é algo impressionante, o barulho e
o som que elas emitem ao fazer esse ritual me embriagam e me alucina.
Vejo ao longe refletindo a luz da
lua um barco, um navio, talvez um barco pirata que se aproxima da costa, posso
ver o capitão e sua tripulação de piratas presos, eles dançam no convés e
cantam ditando o ritmo das remadas, espera, quanto bebi essa noite? Estou
alucinando? Não, não pode existir uma alucinação tão real assim e eles estão
cada vez mais próximos de mim, olho em volto para ver se sou apenas eu que
estou tendo tal visão e descubro que estou completamente só, sentado a beira da
praia.
O barco se aproxima cada vez mais
e já é possível ver os mastros com suas bandeiras aterrorizantes tremulando e
exibindo algumas caveiras, acredito ser o símbolo da embarcação, posso ainda
ouvir os piratas cantando e dançando, canções e danças de quem há muito está
preso e já faz disso a sua vida, a sua rotina, o seu ritual diário. Enormes correntes
os prendem aos mastros para que não possam fugir, porém fugir seria inútil quando
se o que está preso são seus corações e suas almas, presos e amarrados por
correntes invisíveis e extremamente inquebráveis.
Escuto o capitão dar a ordem para
que se arremesse a ancora, um pirata magro e com um tapa olho se esforça para
cumprir a ordem e a executa com dificuldade, porem é bem sucedido, ainda
tentando entender o que esta acontecendo observo que a minha garrafa de uísque já
não esta mais cheia como estava há alguns minutos, o celular que tocava um som psicodélico
já não emite sons e a droga leve que eu carregava comigo no bolso já não existe
mais, começo a considerar que talvez ela não devesse ser considerada tão leve
assim.
O capitão salta do navio, ele
veste roupas sujas e escuras, seus dentes são de ouro, possui um chapéu de dar
inveja a qualquer cowboy, carrega consigo uma garrafa de rum...aos poucos
caminha até onde estou, ele caminha com dificuldade por usar um olho de vidro e
ter consigo uma perna de madeira, sim, estou diante de um legitimo capitão
pirata e o medo começa a tomar conta de mim, acho que estou alucinando, talvez
sonhando, não sei ainda.
O pirata chega bem próximo de mim e
balbucia algumas palavras arrastadas, seu hálito é forte e o cheiro se mistura
com o seu rum de baixa qualidade, ele pergunta: ‘’Você realmente acha que nós é
quem estamos presos e você livre? Você tem certeza?”e solta uma sonora
gargalhada que me faz despertar de um pesadelo, estou em casa, no meu quarto, a
tv está ligada em algum canal aonde um pastor pronuncia palavras vazias e meu lençol
encontra-se encharcado de suor, ao meu lado, nada nem ninguém, apenas a velha solidão
que me mantém aprisionado há tanto tempo, uma garrafa de uísque pela metade o
cinzeiro repleto de bitucas. Hora de dormir de novo...
Fonte imagem: http://fotoseimagenscoletion.blogspot.com.br/2014/02/wallpaper-embarcacao-noturna-navio.html
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Anderson T Mendes - Baln. Camboriu,SC - 20/11/2014
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